Uma investigação da Polícia Federal brasileira, destacada em maio de 2025 pelo jornal The New York Times, trouxe à tona o uso do Brasil como base para a criação de identidades falsas por supostos espiões russos. Pelo menos nove agentes, ligados ao serviço de inteligência militar russo (GRU), teriam utilizado documentos brasileiros para construir disfarces sofisticados, permitindo que operassem em diversos países sem levantar suspeitas.
A história, que ganhou nova atenção com a publicação do jornal americano, já vinha sendo investigada e revelada pela BBC News Brasil entre 2022 e 2024. Segundo a BBC, a rede de espiões utilizava disfarces inusitados no Brasil, como dono de joalheria, estudante apaixonado por forró e até modelo, para criar uma fachada convincente antes de seguir para missões em outros países.
O Caso de Sergey Cherkasov
O epicentro da investigação é Sergey Cherkasov, o único dos nove supostos espiões que ainda permanece em solo brasileiro. Preso em uma penitenciária federal em Brasília, Cherkasov se apresentava como o brasileiro Victor Muller Ferreira. Em abril de 2022, ele foi detido em Amsterdã, na Holanda, ao tentar ingressar no país para um estágio no Tribunal Penal Internacional, em Haia. Deportado ao Brasil, foi condenado a cinco anos de prisão por uso de documento falso, embora negue ser espião.
Investigações conduzidas por autoridades holandesas, americanas e brasileiras apontam que Cherkasov é um agente do GRU. Documentos obtidos pela BBC News Brasil revelam que ele “esquentou” documentos brasileiros com a ajuda de uma funcionária de cartório, a quem ofereceu um colar de US$ 400, sem que ela soubesse de sua verdadeira identidade.
Outros Casos e Disfarces
Além de Cherkasov, outros casos chamam atenção. Em novembro de 2022, a polícia norueguesa prendeu José de Assis Giammaria, que se passava por brasileiro, mas seria Mikhail Mikushin, um espião russo infiltrado em uma universidade no Ártico. Mikushin foi incluído em uma troca de prisioneiros entre Rússia e EUA em agosto de 2024, a única admissão indireta do governo russo sobre a rede.
Outro caso envolve Gerhard Daniel Campos, supostamente Artem Shmyrev, que desapareceu do Brasil pouco antes de uma operação da Polícia Federal. Entre os demais identificados estão Yekaterina Leonidovna Danilova, Vladimir Aleksandrovich Danilov, Olga Igorevna Tyutereva, Aleksandr Andreyevich Utekhin, Irina Alekseyevna Antonova e Roman Olegovich Koval. Utekhin, por exemplo, atuava como joalheiro em Brasília, enquanto Maria Isabel Moresco Garcia se apresentava como modelo.
Estratégia Russa
Segundo a Polícia Federal, o Brasil não era alvo de espionagem, mas funcionava como um “berçário” para a criação de identidades falsas. A passagem pelo país permitia aos agentes construir históricos convincentes antes de seguirem para missões em nações como EUA, Irlanda e Noruega. Cherkasov, por exemplo, viveu nos Estados Unidos, próximo à sede da CIA, e na Irlanda, antes de tentar entrar na Holanda.
A Rússia, por meio de sua embaixada no Brasil, nunca respondeu às solicitações da BBC News Brasil sobre o caso. A operação diplomática para retirar um dos agentes da prisão, revelada em 2022, demonstra a complexidade e o alcance da rede russa.
Impacto e Continuidade
A revelação da rede de espiões reacende debates sobre a segurança de documentos brasileiros e a vulnerabilidade do país a operações de inteligência estrangeira. Embora apenas Cherkasov permaneça no Brasil, a investigação continua, com autoridades buscando esclarecer a extensão da operação russa e prevenir novos casos.
A história, que mistura disfarces criativos, prisões internacionais e trocas de prisioneiros, expõe como o Brasil, sem saber, tornou-se peça-chave em uma intrincada trama de espionagem global.
A história, que ganhou nova atenção com a publicação do jornal americano, já vinha sendo investigada e revelada pela BBC News Brasil entre 2022 e 2024. Segundo a BBC, a rede de espiões utilizava disfarces inusitados no Brasil, como dono de joalheria, estudante apaixonado por forró e até modelo, para criar uma fachada convincente antes de seguir para missões em outros países.
O Caso de Sergey Cherkasov
O epicentro da investigação é Sergey Cherkasov, o único dos nove supostos espiões que ainda permanece em solo brasileiro. Preso em uma penitenciária federal em Brasília, Cherkasov se apresentava como o brasileiro Victor Muller Ferreira. Em abril de 2022, ele foi detido em Amsterdã, na Holanda, ao tentar ingressar no país para um estágio no Tribunal Penal Internacional, em Haia. Deportado ao Brasil, foi condenado a cinco anos de prisão por uso de documento falso, embora negue ser espião.
Investigações conduzidas por autoridades holandesas, americanas e brasileiras apontam que Cherkasov é um agente do GRU. Documentos obtidos pela BBC News Brasil revelam que ele “esquentou” documentos brasileiros com a ajuda de uma funcionária de cartório, a quem ofereceu um colar de US$ 400, sem que ela soubesse de sua verdadeira identidade.
Outros Casos e Disfarces
Além de Cherkasov, outros casos chamam atenção. Em novembro de 2022, a polícia norueguesa prendeu José de Assis Giammaria, que se passava por brasileiro, mas seria Mikhail Mikushin, um espião russo infiltrado em uma universidade no Ártico. Mikushin foi incluído em uma troca de prisioneiros entre Rússia e EUA em agosto de 2024, a única admissão indireta do governo russo sobre a rede.
Outro caso envolve Gerhard Daniel Campos, supostamente Artem Shmyrev, que desapareceu do Brasil pouco antes de uma operação da Polícia Federal. Entre os demais identificados estão Yekaterina Leonidovna Danilova, Vladimir Aleksandrovich Danilov, Olga Igorevna Tyutereva, Aleksandr Andreyevich Utekhin, Irina Alekseyevna Antonova e Roman Olegovich Koval. Utekhin, por exemplo, atuava como joalheiro em Brasília, enquanto Maria Isabel Moresco Garcia se apresentava como modelo.
Estratégia Russa
Segundo a Polícia Federal, o Brasil não era alvo de espionagem, mas funcionava como um “berçário” para a criação de identidades falsas. A passagem pelo país permitia aos agentes construir históricos convincentes antes de seguirem para missões em nações como EUA, Irlanda e Noruega. Cherkasov, por exemplo, viveu nos Estados Unidos, próximo à sede da CIA, e na Irlanda, antes de tentar entrar na Holanda.
A Rússia, por meio de sua embaixada no Brasil, nunca respondeu às solicitações da BBC News Brasil sobre o caso. A operação diplomática para retirar um dos agentes da prisão, revelada em 2022, demonstra a complexidade e o alcance da rede russa.
Impacto e Continuidade
A revelação da rede de espiões reacende debates sobre a segurança de documentos brasileiros e a vulnerabilidade do país a operações de inteligência estrangeira. Embora apenas Cherkasov permaneça no Brasil, a investigação continua, com autoridades buscando esclarecer a extensão da operação russa e prevenir novos casos.
A história, que mistura disfarces criativos, prisões internacionais e trocas de prisioneiros, expõe como o Brasil, sem saber, tornou-se peça-chave em uma intrincada trama de espionagem global.
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