Foto: Reprodução/ Ministério do Esporte |
Em um dia marcado por tensões entre partidos e o governo federal, o ministro dos Esportes, André Fufuca (PP-MA), foi afastado nesta quarta-feira (8) de todas as funções partidárias no Progressistas (PP), após decidir permanecer na pasta, contrariando a orientação da executiva nacional da legenda. Na mesma ocasião, o ministro do Turismo, Celso Sabino (União Brasil-PA), anunciou que continuará à frente do cargo até o ano que vem, ignorando o ultimato do seu partido para o desembarque da base aliada do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). As decisões expõem fissuras internas nas siglas e reacendem debates sobre lealdades políticas em ano pré-eleitoral.
A medida contra Fufuca foi comunicada pelo presidente nacional do PP, senador Ciro Nogueira (PI), por meio de nota oficial. "Diante da decisão de desobedecer à orientação da Executiva Nacional do partido e permanecer no Ministério do Esporte, o ministro André Fufuca fica, a partir de agora, afastado de todas as decisões partidárias, bem como da vice-presidência nacional do partido", afirma o comunicado. A nota ainda anuncia intervenção no diretório estadual do Maranhão, retirando Fufuca do comando da legenda no estado, seu principal reduto eleitoral. "O partido reitera o posicionamento de que não faz e não fará parte do atual governo, com o qual não nutre qualquer identificação ideológica ou programática", conclui o texto.
Fufuca, deputado federal maranhense eleito com forte votação em 2022, assumiu o Ministério dos Esportes em maio de 2023, como parte de uma articulação do centrão com o Planalto. Sua permanência no governo ganhou contornos dramáticos após um discurso em Imperatriz (MA), no último sábado (5), durante agenda de Lula na região. Lá, o ministro admitiu ter cometido um "erro" ao apoiar Jair Bolsonaro (PL) nas eleições de 2022 e prometeu endossar a reeleição de Lula em 2026, mesmo "com o corpo amarrado". A declaração provocou a reação imediata de Nogueira, que havia dado até 1º de outubro para que filiados deixassem os cargos no Executivo. "Ele terá que escolher entre o partido e o governo", alertara o senador em entrevista à CNN na semana passada.
Sabino Resiste à Pressão e Aposta na Base Parlamentar
Paralelamente, Celso Sabino, também nordestino – eleito deputado pelo Pará –, optou por desafiar abertamente a cúpula do União Brasil. Em anúncio feito nesta quarta, o ministro afirmou que permanecerá na pasta até 2026, priorizando agendas como a COP30, que ocorrerá em Belém no próximo ano. "Meu compromisso é com o Brasil e com o presidente Lula, que me confiou essa missão. O Turismo precisa de continuidade, especialmente agora", declarou Sabino em coletiva no Palácio do Planalto, ao lado de auxiliares. A decisão contraria o prazo de 24 horas imposto pela executiva nacional do União Brasil em 18 de setembro, que exigia a saída de filiados do governo para reposicionar a sigla na oposição.
Sabino, que assumiu o Ministério do Turismo em agosto de 2023 após a saída de Daniela do Waguinho (União-RJ), enfrenta processos disciplinares internos: um para sua possível expulsão e outro para destituir a executiva estadual do partido no Pará, que ele preside.
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