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Foto: Reprodução/ Câmara dos deputados |
A situação coloca o Brasil no caminho da extinção da espécie nos próximos anos, caso medidas urgentes não sejam tomadas. “O jumento nordestino possui um perfil genético único, adaptado ao semiárido brasileiro. Sua extinção seria uma perda irreparável para nossa biodiversidade e para as comunidades rurais que dependem dele”, alerta Patricia Tatemoto, coordenadora da campanha da ONG britânica The Donkey Sanctuary no Brasil e pós-doutora em medicina veterinária pela USP. Ela destaca que a redução do uso dos jumentos no trabalho agrícola não justifica o abate: “Há três caminhos sustentáveis: viverem livres na natureza, seguirem como apoio à agricultura familiar ou serem valorizados como animais de companhia.”
Workshop e campanha global
Para enfrentar a crise, a Universidade Federal de Alagoas (UFAL) sedia, entre 26 e 28 de junho, o 3º Workshop Internacional – Jumentos do Brasil: Futuro Sustentável, com apoio da The Donkey Sanctuary. O evento lançará no Brasil o relatório internacional Stolen Donkeys, Stolen Futures e a campanha global Stop The Slaughter (“Parem o Abate”), que busca mobilizar a sociedade contra o abate indiscriminado.
Alternativas tecnológicas e legislação
O agrônomo Roberto Arruda, doutor em economia aplicada pela USP, defende a inovação como solução. “Já existem soluções viáveis, como a fermentação de precisão, que permite produzir colágeno em laboratório sem recorrer à exploração animal. É uma oportunidade para o Brasil liderar um modelo mais sustentável e ético”, afirma.
No âmbito legislativo, dois projetos de lei tramitam para proibir o abate de jumentos: o PL nº 2.387/2022, no Congresso Nacional, já aprovado na Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania (CCJ) da Câmara, e o PL nº 24.465/2022, na Assembleia Legislativa da Bahia, também aprovado na CCJ e aguardando votação em plenário.
Contexto internacional
A mobilização brasileira alinha-se a movimentos globais. Em 2023, a União Africana aprovou uma moratória contra o abate de jumentos para exportação, medida adotada por países como Quênia, Nigéria e Tanzânia, com expectativa de expansão para todo o continente africano. “Não podemos continuar sendo o elo frágil de uma cadeia internacional que lucra com a morte de um animal essencial para comunidades vulneráveis. O Brasil precisa alinhar sua legislação às boas práticas já adotadas por outros países do Sul Global”, defende Pierre Barnabé Escodro, professor da UFAL e pesquisador em medicina veterinária.
Com apenas 6 jumentos para cada 100 que existiam há três décadas, o Brasil enfrenta um desafio urgente para preservar um símbolo de sua cultura nordestina e garantir um futuro sustentável para a espécie.
A mobilização brasileira alinha-se a movimentos globais. Em 2023, a União Africana aprovou uma moratória contra o abate de jumentos para exportação, medida adotada por países como Quênia, Nigéria e Tanzânia, com expectativa de expansão para todo o continente africano. “Não podemos continuar sendo o elo frágil de uma cadeia internacional que lucra com a morte de um animal essencial para comunidades vulneráveis. O Brasil precisa alinhar sua legislação às boas práticas já adotadas por outros países do Sul Global”, defende Pierre Barnabé Escodro, professor da UFAL e pesquisador em medicina veterinária.
Com apenas 6 jumentos para cada 100 que existiam há três décadas, o Brasil enfrenta um desafio urgente para preservar um símbolo de sua cultura nordestina e garantir um futuro sustentável para a espécie.
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