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Durante sua fala, Cid apresentou dificuldades, gaguejando em diversos momentos e alegando não se recordar de fatos relevantes em várias ocasiões. O depoimento ganhou ainda mais destaque por conta de um áudio, tornado público há alguns meses, em que Cid afirmava ter sofrido ameaças e pressões. No áudio, ele relatava que a Polícia Federal “já tinha uma narrativa pronta e queriam apenas que ele corroborasse a ‘história deles’”, o que levanta dúvidas sobre a credibilidade do processo.
Cid afirmou durante o interrogatório que havia uma pressão para que Bolsonaro assinasse a suposta minuta do golpe. Questionado pelo ministro Luís Fux sobre a assinatura do documento, Cid respondeu que ela não ocorreu. Em contrapartida, a defesa de Bolsonaro apresentou um áudio no qual o próprio Cid dizia que o ex-presidente “praticamente havia desistido de qualquer ação mais contundente”, destacando que Bolsonaro teria conversado com diversas pessoas, rejeitado pressões e tranquilizado o então ministro da Defesa, Paulo Sérgio Nogueira, responsável por um relatório sobre as urnas eletrônicas. Contudo, na delação premiada, Cid havia declarado que Bolsonaro pressionava Nogueira para concluir o relatório, evidenciando uma inconsistência entre as versões apresentadas.
A delação de Mauro Cid tem sido alvo de críticas devido às mudanças em suas versões dos fatos ao longo do tempo. Além disso, o documento que embasa a denúncia da tentativa de golpe ainda não foi apresentado, o que reforça as alegações de irregularidades no processo.
Desdobramentos e Expectativas
O depoimento de Cid expôs fragilidades na narrativa da acusação, alimentando debates sobre a solidez das provas apresentadas. A ausência da minuta do golpe e as contradições do delator abrem espaço para questionamentos sobre a consistência do caso. Nos próximos dias, o STF deve ouvir outros réus e testemunhas, além de analisar eventuais provas complementares.
Especialistas apontam que o julgamento pode ter impactos significativos no cenário político brasileiro, especialmente considerando o peso das acusações contra um ex-presidente. A defesa de Bolsonaro, por sua vez, sustenta que as inconsistências no depoimento de Cid e a falta de provas concretas reforçam a tese de que não houve tentativa de golpe.
O desfecho do julgamento ainda é incerto, mas a atenção do país permanece voltada para o STF, que terá a tarefa de esclarecer os fatos e decidir o rumo de um dos casos mais controversos da recente história brasileira.
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